Arizona Tribune - Queda da população de morcegos impulsionou mortalidade infantil nos EUA, aponta estudo

Queda da população de morcegos impulsionou mortalidade infantil nos EUA, aponta estudo
Queda da população de morcegos impulsionou mortalidade infantil nos EUA, aponta estudo / foto: Handout - US FISH & WILDLIFE SERVICE/AFP/Arquivos

Queda da população de morcegos impulsionou mortalidade infantil nos EUA, aponta estudo

A queda da população de morcegos na América do Norte levou a um aumento do uso de pesticidas por agricultores como método alternativo para proteger seus cultivos de insetos, o que resultou em um aumento da mortalidade infantil humana, revela um estudo divulgado nesta quinta-feira (5).

Tamanho do texto:

O artigo científico, publicado na revista Science, apresenta provas que corroboram as previsões de que o declínio da biodiversidade mundial terá graves consequências para os seres humanos.

"Os ecologistas vêm nos advertindo que estamos perdendo espécies a torto e a direito, e isso terá impactos potencialmente catastróficos na humanidade", disse à AFP o autor do estudo, Eyal Frank, da Universidade de Chicago. "No entanto, essas previsões não foram validadas empiricamente porque é muito difícil de se chegar e manipular um ecossistema em uma escala espacial muito grande", acrescentou o economista ambiental.

Frank aproveitou uma "experiência natural" - o surgimento repentino de uma doença mortal dos morcegos - para quantificar os benefícios que esses comedores de insetos aportam para o controle de pragas.

A síndrome do nariz branco (WNS, sigla em inglês), causada por um fungo invasor, começou a se espalhar pelos Estados Unidos em 2006, matando os morcegos ao fazê-los despertar de sua hibernação no inverno, quando carecem de alimento e perdem energia ao tentarem se manter aquecidos.

Frank rastreou a propagação da WNS no leste do país e descobriu um aumento de 31% no uso de pesticidas nos locais onde a população desses animais havia diminuído. Dada a relação entre esses compostos químicos e as más condições sanitárias, Frank examinou uma correlação com a mortalidade infantil.

Com mais pesticidas, a taxa de mortalidade de menores aumentou quase 8%, o que se traduziu em 1.334 óbitos adicionais desde que a doença dos morcegos se disseminou. É provável que a água e o ar contaminados atuem como via de entrada das substâncias químicas em seres humanos.

O pesquisador insistiu em que as descobertas corroboram a sua teoria de que a mortalidade dos morcegos incidiu diretamente no repique da mortalidade infantil, em vez de ser uma simples coincidência.

"Precisamos de dados melhores sobre a presença de pesticidas no meio ambiente", disse Frank, acrescentando que suas descobertas também mostram a necessidade de proteger os morcegos.

Estão sendo desenvolvidas vacinas contra a WNS, mas esses animais também estão ameaçados pela perda de seu habitat, as mudanças climáticas e os parques eólicos.

A pesquisa se soma ao conjunto de evidências das repercussões da perda da fauna selvagem nos ecossistemas. Segundo outro estudo recente, na América Central a diminuição de anfíbios e serpentes provocou um aumento dos casos de malária em seres humanos.

W.Stewart--AT