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Viúva de Navalny promete que continuará lutando pela 'liberdade' na Rússia
A viúva de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, acusou nesta segunda-feira (19) o presidente russo, Vladimir Putin, de matar o seu marido e prometeu que continuará lutando pela "liberdade" do seu país, três dias após a morte do opositor.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Navalnaya, tomada pela emoção, falou sobre a vida e o sofrimento do marido, garantindo que assumirá seu lugar.
"Há três dias, Vladimir Putin matou o meu marido, Alexei Navalny. Putin matou o pai dos meus filhos. (...) Com ele, ele queria matar o nosso espírito, a nossa liberdade, o nosso futuro", disse ela.
O opositor e principal adversário do presidente Vladimir Putin morreu aos 47 anos em uma prisão do Ártico, no distrito autônomo de Yamalia-Nenetsia, na região de Yamal, onde cumpria uma pena de 19 anos.
"Vou continuar o trabalho de Alexei Navalny. Vou continuar pelo nosso país, com vocês. Peço a todos que estejam ao meu lado (...). Não é uma vergonha fazer pouco, é uma vergonha não fazer nada, é uma vergonha se permitir ter medo", declarou.
Navalnaya pediu unidade "para atingir Putin, os seus amigos, os bandidos com dragonas, os cortesões e os assassinos que querem paralisar" a Rússia, e prometeu descobrir "quem cometeu este crime" e em quais circunstâncias.
- Sem acesso ao corpo -
Há três dias, os parentes de Alexei Navalny, que acusam o Kremlin de tê-lo assassinado e de querer ocultar as evidências de suas ações, tentam recuperar o corpo, mas sem sucesso.
A porta-voz do opositor, Kira Yarmish, afirmou que sua mãe, Luidmila Navalnaya, não foi autorizada a entrar no necrotério onde supostamente está o corpo em Salekhard, a capital regional, que fica a 50 quilômetros da prisão onde as autoridades afirmam que Navalny faleceu.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, se limitou a dizer que a investigação "continua em andamento" e não chegou a nenhuma conclusão "até o momento".
Yarmish afirmou que o Comitê de Investigação, responsável pelas investigações penais na Rússia, comunicou que o inquérito sobre a morte de Navalny "foi prolongado".
"Não se sabe até quando vai prosseguir. A causa da morte continua sendo 'indeterminada'. Eles mentem, tentam ganhar tempo e nem sequer escondem", completou
Segundo Evgeni Smirnov, advogado da ONG especializada Pervy Otdel, os investigadores podem reter legalmente o corpo de uma pessoa que morreu na prisão por até 30 dias.
Mas mesmo depois deste período, as autoridades podem decidir abrir uma investigação criminal e manter os restos mortais "pelo tempo que quiserem", disse o advogado.
A mãe de Navalny compareceu no sábado com um advogado à colônia penal de segurança máxima número 3, um uma área remota a quase 2.000 quilômetros de Moscou.
O Serviço Penitenciário Russo (FSIN) informou que o opositor morreu na sexta-feira, depois que perdeu a consciência durante uma caminhada.
Ele estava detido desde seu retorno à Rússia no início de 2021, após sofrer um grave envenenamento, e enfrentava problemas de saúde há vários meses.
Durante sua reclusão, Navalny passou quase 300 dias em uma cela disciplinar, em condições rigorosas de isolamento.
Putin, que nunca mencionou Navalny por seu nome, não fez qualquer comentário sobre a morte de Navalny, que aconteceu um mês antes das eleições presidenciais russas, nas quais o chefe de Estado, de maneira previsível, deve conquistar um novo mandato de seis anos.
- Onda de indignação -
A morte de Navalny causou uma onda de comoção e indignação na Rússia e no Ocidente, onde muitos líderes acusaram Moscou de ser o culpado.
O ministério das Relações Exteriores alemão convocou o embaixador russo na Alemanha após a morte, declarou uma porta-voz do governo nesta segunda-feira, que pediu "a libertação de todos os presos políticos na Rússia".
"Diante da falta de informação, acreditamos que é absolutamente inaceitável fazer declarações tão odiosas", reagiu o Kremlin.
Na Rússia, as tentativas modestas de prestar homenagem ao opositor foram reprimidas, em plena campanha de intimidação contra qualquer crítica às autoridades desde o início da invasão na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
No final de semana, a polícia russa prendeu centenas de pessoas que depositavam flores e acendiam velas em dezenas de cidades para homenagear o dissidente.
Navalny era a figura de maior destaque da oposição na Rússia, onde ganhou popularidade - em particular entre os jovens - graças às investigações sobre a corrupção durante o governo Putin.
F.Ramirez--AT