Arizona Tribune - Na mira da justiça, Bolsonaro passou dois dias na embaixada da Hungria no Brasil

Na mira da justiça, Bolsonaro passou dois dias na embaixada da Hungria no Brasil
Na mira da justiça, Bolsonaro passou dois dias na embaixada da Hungria no Brasil / foto: Attila KISBENEDEK - AFP/Arquivos

Na mira da justiça, Bolsonaro passou dois dias na embaixada da Hungria no Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro "passou dois dias" na embaixada da Hungria em Brasília, informaram, nesta segunda-feira (25), seus advogados, que negaram que ele tenha se refugiado na representação consular em fevereiro para fugir da justiça.

Tamanho do texto:

A defesa do ex-presidente (2019-2022) publicou um comunicado em reação a uma informação publicada no jornal The New York Times, segundo a qual Bolsonaro tinha se "escondido na embaixada húngara" no mês passado, pouco depois de ser alvo de uma investigação policial.

O jornal americano publicou imagens de um vídeo de vigilância em que o ex-presidente aparece entrando na embaixada da Hungria em Brasília em 12 de fevereiro e saindo na tarde do dia 14.

A estadia ocorreu quatro dias depois de iniciada uma operação policial durante a qual seu passaporte foi apreendido no âmbito de uma operação na qual foi alvo por suspeita de planejar um golpe de Estado.

Bolsonaro "passou dois dias hospedado na embaixada da Hungria em Brasília para manter contatos com autoridades do país amigo", afirmaram seus advogados em um comunicado.

"Como é do conhecimento público, o ex-mandatário do país mantém um bom relacionamento com o premier húngaro (Viktor Orban), com quem se encontrou recentemente na posse do presidente (argentino) Javier Milei, em Buenos Aires", acrescentaram.

"Nos dias em que esteve hospedado na embaixada magiar, a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras autoridades do país amigo atualizando os cenários políticos das duas nações", detalharam.

"Quaisquer outras interpretações (...) se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos e são, na prática, mais um rol de 'fake news'", insistiram.

A Polícia Federal lançou, em 8 de fevereiro, a operação Tempus Veritatis (hora da verdade, em latim), contra Bolsonaro e vários de seus aliados mais próximos, incluindo alguns de seus ex-ministros.

Segundo a investigação, todos são suspeitos de participação em um plano de golpe de Estado que buscava impedir que Luiz Inácio Lula da Silva voltasse à Presidência, em janeiro de 2023.

Bolsonaro nega e diz ser vítima de perseguição.

Após a divulgação dos vídeos, o embaixador húngaro, Miklos Temás Halmai, foi chamado pela secretária para a Europa e América do Norte, Maria Luísa Escorel, para prestar esclarecimentos sobre a estadia, informou à AFP uma fonte do Itamaraty.

Segundo a fonte, o diplomata esteve durante 20 minutos na sede do Ministério das Relações Exteriores.

- "Medo de ser preso" -

Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula, acusou o ex-presidente na rede social X de ter intenção de "fugir" por "medo de ser julgado por seus crimes, de ser condenado, medo de ser preso".

O deputado federal Lindbergh Farias, também do PT, disse ter pedido ao procurador-geral da República a prisão preventiva de Bolsonaro.

"A estadia na embaixada sugere que o ex-presidente estava tentando alavancar a sua amizade com um colega de extrema direita, o primeiro-ministro Viktor Orban, da Hungria, numa tentativa de escapar do sistema de justiça brasileiro", afirmou.

O próprio Bolsonaro respondeu aos apontamentos do jornal americano, sem mencioná-lo, durante um evento do Partido Liberal (PL), em São Paulo.

"Temos boas relações internacionais, até hoje eu mantenho relação com alguns chefes de Estado pelo mundo (...) Frequento embaixadas também aqui pelo nosso Brasil. Converso com esses embaixadores", disse pouco após a publicação da reportagem.

Enquanto a operação Tempus Veritatis estava em desenvolvimento, o primeiro-ministro Orban referiu-se a Bolsonaro como um "patriota honesto" em suas redes sociais, e o incentivou a "continuar lutando".

Bolsonaro, de 69 anos, foi inabilitado em junho passado para disputar cargos públicos por difundir informações falsas sobre as urnas eletrônicas.

Ele também é investigado em vários outros casos. Na semana passada, a Polícia Federal o indiciou pela falsificação de certificados de vacinação contra a covid-19.

M.White--AT