Arizona Tribune - Textor causa polêmica com acusações de manipulação de resultados no futebol brasileiro

Textor causa polêmica com acusações de manipulação de resultados no futebol brasileiro
Textor causa polêmica com acusações de manipulação de resultados no futebol brasileiro / foto: EVARISTO SA - AFP/Arquivos

Textor causa polêmica com acusações de manipulação de resultados no futebol brasileiro

O magnata americano John Textor, dono da SAF Botafogo, está causando polêmica no Brasil ao afirmar ter provas de manipulação de resultados em jogos de futebol. Segue um resumo das acusações feitas por ele e que lhe renderam problemas com a justiça esportiva.

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- Quais são as acusações? -

Tudo começou em novembro de 2023, quando John Textor ficou furioso após a derrota do Botafogo por 4-3 para o Palmeiras em jogo válido pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro. O americano se revoltou com um cartão vermelho dado a um de seus jogadores enquanto o alvinegro carioca vencia por 3-1, a 15 minutos do apito final.

"Isso é corrupção, é roubo", acusou Textor, indignado, após a partida, antes de exigir a renúncia do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues.

Na época, o Botafogo estava em queda livre na tabela do Brasileirão. Depois de ter liderado o Campeonato Brasileiro com uma vantagem de até 13 pontos, o clube desabou na reta final e viu o Palmeiras conquistar o título.

Em seguida, John Textor foi mais longe, afirmando ter "provas sólidas" de que o Palmeiras "se beneficiou da manipulação de resultados por pelo menos duas temporadas".

Essas "provas", segundo ele, foram "100% confirmadas por especialistas e pela inteligência artificial", e compiladas em um relatório de 180 páginas encomendado à empresa francesa Good Game.

Este relatório nunca foi tornado público, mas foi entregue pelo empresário americano à Polícia Civil, e depois a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado.

Em seu site, John Textor deu exemplos de duas vitórias do Palmeiras nas quais uma análise dos movimentos dos jogadores por um sistema que usa IA teria detectado "desvios anormais" no comportamento de membros das equipes adversárias.

- Quais foram as reações? -

Por suas declarações contra o presidente da CBF, John Textor foi condenado nesta sexta-feira (26) pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a 45 dias de suspensão e uma multa de R$ 100 mil.

Ele também enfrentará outro processo por não ter apresentado à justiça desportiva provas de suas acusações de partidas manipuladas.

O Palmeiras também recorreu ao STJD, pedindo que o bilionário americano "se abstenha" de mencionar o clube na mídia, "sob pena de multa ou suspensão".

Em uma entrevista recente, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, disse que John Textor "ficou louco" após a derrota por 4-3 para sua equipe em novembro de 2023.

"A primeira impressão que deu foi: ele está atribuindo o fracasso do Botafogo ao escândalo de manipulação de resultados que ele não consegue provar. A aparência é que ele está querendo fazer mais barulho do que apresentar uma solução", disse à AFP Paulo Vinícius Coelho, colunista do UOL.

Mas essas acusações foram levadas a sério no Senado, onde ele foi ouvido na segunda-feira por uma CPI instaurada a pedido do ex-atacante e hoje senador Romário (PL-RJ).

"Não venho aqui para ganhar um troféu ou ser congratulado. O que nós descobrimos não é nada diferente do restante do mundo, Bélgica, França, toda a Europa. A manipulação de resultados [no esporte] é uma realidade", afirmou, ampliando ainda mais o campo de suspeitas.

Logo após esta audiência agitada, Textor apresentou as supostas provas contidas no relatório durante uma sessão a portas fechadas da CPI.

- Há precedentes no Brasil? -

Um grande escândalo, a "Máfia do Apito", estourou em 2005, quando árbitros corruptos manipularam 11 partidas do campeonato em benefício de apostadores.

No ano passado, vários jogadores que atuam no Brasil foram suspensos por sua suposta participação em manipulações de resultados.

Segundo uma investigação divulgada pelo Ministério Público de Goiás, esses jogadores recebiam propinas para receber cartões, serem expulsos ou provocarem pênaltis, a fim de garantir grandes ganhos a apostadores on-line.

"Por que ele não leva esse relatório para o MP de Goiás, que apurou esse caso há mais de dois anos e pode cruzar as informações com muito mais rapidez, ao invés de levar para uma CPI em Brasília, onde o cara vai perguntar por que ele não contratou dois zagueiros?", questionou Paulo Vinícius Coelho, em referência ao senador Dr. Hiran (PP-RR), que aproveitou a CPI para pedir a contratação de jogadores para o Botafogo.

No Senado, o magnata americano disse que não apresentava "evidência de pagamento em dinheiro". "As evidências que temos dizem como os jogos são manipulados e não o porquê", explicou.

W.Morales--AT