Arizona Tribune - Suprema Corte do México debate mudança na eleição popular de juízes

Suprema Corte do México debate mudança na eleição popular de juízes
Suprema Corte do México debate mudança na eleição popular de juízes / foto: Silvana FLORES - AFP

Suprema Corte do México debate mudança na eleição popular de juízes

A Suprema Corte do México pretende invalidar parcialmente a eleição popular de juízes, o que ameaça provocar uma crise institucional, depois que a presidente do país, a esquerdista Claudia Sheinbaum, advertiu que o processo de votação não pode ser revertido.

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Este é um choque de poderes sem precedentes no México, que também enfrenta a incerteza das eleições presidenciais nos Estados Unidos, principal parceiro econômico do país e cujo governo já criticou a reforma que tornou o México o primeiro país a eleger todos os seus juízes nas urnas.

O governo Sheinbaum, que tomou posse em 1º de outubro, acusa o Poder Judiciário de servir à elite conservadora, enquanto a oposição afirma que a emenda constitucional acabará com a separação de poderes.

O embate ultrapassa fronteiras. Estados Unidos e Canadá, parceiros do México no acordo comercial T-MEC, alertam que a eleição popular minará a independência dos juízes e os deixará à mercê do crime organizado.

"Oito ministros (da Corte) não podem estar acima do povo", afirmou Sheinbaum antes do debate desta terça-feira (5) no tribunal, em referência a oito dos 11 magistrados que são contrários à reforma constitucional.

A presidente declarou que tribunal superior não tem o poder de anular as mudanças da Constituição aprovadas pelo Congresso, que tem ampla maioria governista.

"O povo do México vai votar nos juízes, magistrados e ministros", disse na segunda-feira, considerando que os processos eleitorais programados para 2025 e 2027 estão confirmados.

"Vamos esperar e ver o que a Corte decide", completou, no entanto, Sheinbaum.

Os oito juízes contrários à reforma renunciaram na semana passada, como estabeleceu a emenda para aqueles que se recusam a participar das eleições. As saídas, porém, serão efetivas apenas em agosto de 2025.

- Nada a negociar -

Os membros da Suprema Corte votam um projeto do ministro Juan Luis González que modifica, parcialmente, a reforma.

O texto propõe a manutenção da eleição popular dos membros do Supremo, mas não a dos juízes dos tribunais inferiores, porque, afirma, a carreira no Judiciário garante a independência dos tribunais.

"Não existe um regime democrático sem que haja uma divisão de poderes efetiva", alerta a proposta, que preserva a eleição do principal tribunal como um ato de "autocontenção" para resolver a disputa.

Contudo, Sheinbaum insistiu na segunda-feira que "não se pode negociar o que o povo decidiu (...) e o que já é parte da Constituição".

O rascunho da sentença, que responde às impugnações apresentadas pelos partidos de oposição, também alerta sobre as dificuldades para que os cidadãos possam exercer um voto informado.

A reforma foi promovida pelo ex-presidente Andrés Manuel López Obrador, após a Suprema Corte ter derrubado reformas como uma que autorizava a participação militar na segurança cidadã e outra que reforçava o papel do Estado no setor elétrico.

López Obrador e Sheinbaum consideram que o Poder Judiciário está afundado na corrupção e em uma impunidade quase total.

Mas os críticos da reforma alegam que a situação não será solucionada apenas com a mudança dos juízes, e sim melhorando as capacidades de investigação do Ministérios Públicos.

Antecipando uma decisão desfavorável, o Congresso modificou na semana passada um artigo constitucional para impedir que a Suprema Corte possa revisar as mudanças na Carta Magna.

Um choque institucional "não seria uma boa notícia para a economia, mas o impacto da reforma já foi precificado pelos mercados financeiros mexicanos", disse à AFP Kimberley Sperrfechter, economista da empresa britânica Capital Economics.

W.Nelson--AT