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'Obrigado a todos': papa retorna ao Vaticano após cinco semanas hospitalizado
O papa Francisco, ainda fraco, retornou ao Vaticano neste domingo(23) após mais de cinco semanas hospitalizado com pneumonia bilateral, mas não sem antes cumprimentar e agradecer seus fiéis reunidos em frente ao Hospital Gemelli, em Roma.
"Obrigado a todos!", disse o pontífice de 88 anos com voz fraca ao microfone, sentado em uma cadeira de rodas e cumprimentando centenas de pessoas reunidas na sacada.
"Estou vendo aquela mulher com as flores amarelas, muito bem", disse ele com um leve sorriso, diante das gargalhadas da multidão.
O líder dos 1,4 bilhão de católicos do mundo, que passou mais de cinco semanas no hospital lutando contra uma pneumonia, ficou na sacada por dois minutos e recebeu alta em seguida.
Ele saiu de carro, acenando da janela fechada do banco da frente enquanto passava por jornalistas, usando uma cânula, um tubo de plástico inserido em suas narinas que fornece oxigênio.
Francisco parecia cansado e mais magro do que o habitual. Os médicos disseram que sua saúde melhorou o suficiente para voltar para casa, embora tenha que enfrentar uma longa recuperação de pelo menos dois meses.
Em sua oração dominical do Angelus, o papa escreveu que estava "triste com a retomada do intenso bombardeio israelense na Faixa de Gaza" e exigiu seu fim "imediato".
Francisco não preside a oração do Angelus desde 9 de fevereiro. Desde então, faltou à cerimônia por cinco semanas consecutivas, algo sem precedentes desde sua eleição.
- Convalescença de pelo menos dois meses -
A alta do pontífice, cuja condição melhorou gradualmente nas últimas semanas, era aguardada com ansiedade em meio a crescentes dúvidas sobre sua capacidade de retomar suas atividades.
Sua equipe médica anunciou sua alta do Hospital Gemelli de Roma no sábado, mas explicou que ele terá que passar por "uma longa convalescença" de "pelo menos dois meses".
"O hospital, embora possa parecer estranho, é o pior lugar para convalescença: é onde a maioria das infecções são contraídas", explicou o médico Sergio Alfieri em entrevista coletiva.
O pontífice ficou "muito feliz" quando soube que deixaria o hospital, continuou Alfieri. "Estava há três ou quatro dias nos perguntando quando poderia voltar", disse ele.
A saúde do papa "está melhorando" e "esperamos que possa retomar suas atividades normais em breve", disse o médico da equipe Luca Carbone no sábado.
O Dr. Alfieri, no entanto, minimizou essa declaração. "A convalescença é, por definição, um período de recuperação, então é claro que durante o período de convalescença não poderá manter seus compromissos diários habituais".
O esclarecimento foi importante, considerando que o jesuíta argentino manteve até agora um ritmo de trabalho frenético, conciliando reuniões e celebrações religiosas com viagens.
Jorge Bergoglio permaneceu em assistência respiratória por várias semanas. Para recuperar o uso da sua voz, continuará suas sessões de reabilitação.
"Quando se sofre de pneumonia bilateral, os pulmões são afetados e os músculos respiratórios também apresentam problemas", explicou Alfieri. "Levará algum tempo para que a voz volte a ser a mesma", enfatizou.
Francisco, que perdeu parte de um pulmão quando era jovem, sofreu diversas infecções respiratórias ao longo dos anos. Os médicos só o declararam fora de perigo depois de um mês no hospital.
- Dois momentos "muito críticos" -
O papa teve dois "momentos muito críticos nos quais sua vida esteve em perigo", mas "nunca foi intubado" e sempre permaneceu "consciente e alerta", disseram seus médicos.
Ele sofreu crises respiratórias agudos, uma delas com vômitos, e precisou passar por uma transfusão de sangue e aspiração de secreções abundantes de seus pulmões.
Durante sua hospitalização, o Vaticano publicou apenas uma foto de Jorge Bergoglio, sentado e ligeiramente abatido diante do altar de sua capela particular. A imagem alimentou especulações.
O Vaticano também divulgou uma curta gravação de áudio em 6 de março na qual, com voz cansada e respiração difícil, agradeceu aos fiéis por suas orações.
A doença do papa e sua longa hospitalização levantaram questões sobre quem poderia atender a agenda lotada de eventos religiosos que antecedem a Semana Santa, o período mais sagrado do calendário cristão.
O Vaticano disse na quarta-feira que não havia nenhuma decisão sobre o assunto.
R.Lee--AT