Arizona Tribune - TikTok pode encerrar operações nos EUA no domingo após decisão da Suprema Corte

TikTok pode encerrar operações nos EUA no domingo após decisão da Suprema Corte
TikTok pode encerrar operações nos EUA no domingo após decisão da Suprema Corte / foto: Antonin UTZ - AFP

TikTok pode encerrar operações nos EUA no domingo após decisão da Suprema Corte

O TikTok diz que "ficará no escuro" nos Estados Unidos a partir de domingo (19), a menos que o governo forneça garantias de que uma nova lei pedindo sua proibição não será usada para punir os provedores de serviços.

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"A menos que o governo Biden forneça imediatamente uma declaração definitiva para satisfazer os provedores de serviços mais críticos, garantindo a não aplicação [da lei], lamentavelmente, o TikTok será obrigado a fechar em 19 de janeiro", informou a plataforma em comunicado emitido na noite desta sexta-feira (17).

A plataforma vem lutando há meses contra a lei aprovada em março pelo Congresso em nome da segurança nacional, mas a Suprema Corte dos Estados Unidos se negou a suspendê-la nesta sexta, selando o destino da rede social no país, onde conta com 170 milhões de usuários, caso sua empresa proprietária, a chinesa ByteDance, não a venda antes.

A ByteDance, por sua vez, rejeitou firmemente a venda de sua operação nos Estados Unidos, uma posição também adotada por Pequim, que denunciou a lei como roubo.

"As declarações emitidas hoje pela Casa Branca de Biden e pelo Departamento de Justiça não fornecem a clareza e a garantia necessárias aos provedores de serviços que são essenciais para manter a disponibilidade do TikTok" para milhões de americanos, disse a plataforma após a decisão da Suprema Corte.

A mais alta corte dos Estados Unidos aprovou a lei por unanimidade sob a alegação de que ela não atenta contra o direito à liberdade de expressão e que o governo americano demonstrou serem legítimas suas preocupações sobre a propriedade chinesa da plataforma.

Funcionários da Casa Branca asseguraram, nesta sexta, que vão deixar a aplicação da lei nas mãos do presidente eleito Donald Trump, que tomará posse na próxima segunda-feira, um dia depois do eventual veto.

Trump informou também ter debatido a questão do TikTok com o presidente chinês, Xi Jinping, em um telefonema nesta sexta, e advertiu, posteriormente, que precisa revisar a situação para tomar uma decisão.

"Minha decisão sobre o TikTok será tomada em um futuro não muito distante, mas preciso ter tempo para revisar a situação. Fiquem atentos!", ressaltou Trump em sua rede, Truth Social.

Em um aparente sinal de apoio a um adiamento, o Departamento de Justiça, que seria o encarregado de fazer cumprir a lei, afirmou, em um comunicado, que sua aplicação "será um processo que se desenvolverá ao longo do tempo".

Apesar do revés judicial, o diretor-executivo do TikTok, Shou Chew, agradeceu a Trump por "seu compromisso para trabalhar" em conjunto para "encontrar uma solução". A plataforma fez um intenso lobby para frustrar a lei, inclusive com a anunciada presença de Chew na posse do republicano.

- 'Preocupações bem fundamentadas' -

Na semana passada, a Suprema Corte ouviu os argumentos da empresa ByteDance, proprietária da popular rede de vídeos curtos, nos quais alegava que a entrada em vigor da norma devia ser paralisada por constituir uma violação à liberdade de expressão.

No ano passado, o Congresso americano tinha aprovado a legislação por esmagadora maioria. Nela, a empresa chinesa é obrigada a vender o Tiktok ou a encerrar suas operações nos Estados Unidos antes de 19 de janeiro.

 

"Mas o Congresso determinou que a suspensão é necessária para abordar suas preocupações bem fundamentadas sobre a segurança nacional quanto às práticas de compilação de dados do TikTok e sua relação com um adversário estrangeiro", concluíram.

Com esta decisão, a data de entrada em vigor da proibição é mantida para o domingo, embora legisladores e funcionários de todo o espectro político tenham pedido algum tipo de adiamento.

A lei em questão foi concebida como resposta à crença generalizada em Washington de que o Tiktok está sendo usado pela China com fins de espionagem ou propaganda.

- 'Acordo viável' -

Em declarações à Fox News na quinta-feira, o escolhido para ser assessor de Segurança Nacional de Trump, Mike Waltz, antecipou que a futura administração adotará medidas "para evitar que o TikTok seja apagado".

"A legislação permite uma extensão desde que haja um acordo viável sobre a mesa", explicou. "Essencialmente, isto dá tempo ao presidente Trump para que o TikTok continue funcionando".

"Foi uma grande plataforma para ele e sua campanha para difundir sua mensagem 'os Estados Unidos primeiro'", ressaltou. "Mas, ao mesmo tempo, ele quer proteger os dados [dos usuários]".

O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, também pediu na véspera que a iminente proibição do TikTok seja adiada.

"Está claro que é preciso mais tempo para encontrar um comprador americano e não perturbar a vida e o sustento de milhões de americanos, de tantos influenciadores que construíram uma boa rede de seguidores", avaliou.

Se esta legislação finalmente entrar em vigor, os provedores de internet e as lojas de aplicativos da Apple e do Google serão obrigados a impedir que o TikTok possa ser baixado depois da data limite.

O advogado da plataforma, Noel Francisco, assegurou que a rede "será apagada" no domingo se a justiça não bloquear a proibição, ao mesmo tempo em que informações divulgadas pela imprensa apontaram que a empresa está planejando uma suspensão total do serviço nos Estados Unidos.

Na campanha eleitoral, Trump prometeu salvar o TikTok e sua equipe vem estudando formas de paralisar a proibição ou resgatar o aplicativo.

Quando Trump assumir a Presidência, a aplicação da lei recairá em seu procurador-geral, que poderia optar ou não por executá-la ou retardá-la, desafiando o apoio avassalador do Congresso à iniciativa.

T.Perez--AT