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Países da UE retomaram conversas sobre empréstimos conjuntos para reforçar defesa
Os dirigentes da UE realizaram nesta quinta-feira (20) uma cúpula para discutir a defesa e a segurança do bloco após a reviravolta política de Donald Trump, em meio ao debate crescente sobre uma dívida comum para financiar essa iniciativa.
A Comissão Europeia, o braço executivo da UE, lançou na quarta-feira um enorme plano para o rearmamento do bloco com o qual pretende mobilizar até 800 bilhões de euros (4,93 trilhões de reais).
Esse pacote inclui uma iniciativa sobre linhas de crédito por 150 bilhões, mas não chega ao ponto de defender a criação de uma dívida comum, ideia que gera ávidas discussões.
Ao final da cúpula em Bruxelas, o presidente da França, Emmanuel Macron, explicitou a posição de seu governo, embora tenha admitido que a questão ainda não alcançou unanimidade.
"Estou convencido de que teremos que fazer um empréstimo comum", afirmou o mandatário, acrescentando que, "por enquanto, o tema não é consensual".
Por sua vez, o chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz, manteve essa porta fechada e reiterou a posição tradicional de seu país, contrário à dívida comum.
"A posição da Alemanha é bem conhecida", limitou-se a comentar.
- "Uma primeira etapa" -
Ao chegar à cúpula, a primeira-ministra da Letônia, Evika Silina, afirmou que a ambiciosa proposta lançada na véspera é apenas "uma primeira etapa".
"Estamos abertos a outras discussões sobre a forma como podemos encontrar ainda mais fundos", acrescentou.
Kyriakos Mitsotakis, primeiro-ministro da Grécia, ressaltou que "devemos ser mais ambiciosos".
"Acho que devemos discutir seriamente a possibilidade de um mecanismo comum de empréstimos que ofereça subsídios aos países do bloco", indicou.
Enquanto isso, o primeiro-ministro dos Países Baixos, Dick Schoof, deixou clara a oposição de seu país a uma dívida comum.
"Nossa posição é contrária aos eurobônus", disse, referindo-se aos títulos que poderiam respaldar a obtenção de recursos.
O documento com as Conclusões da cúpula desta quinta-feira menciona que os líderes pedem "uma aceleração dos trabalhos (...) para reforçar de forma decisiva as capacidades de defesa da Europa".
O texto destaca que "uma UE mais forte e mais capaz no campo da segurança e da defesa contribuirá positivamente para a segurança global e transatlântica e é complementar à Otan".
O plano inclui a possibilidade de flexibilizar, durante quatro anos, as normas da UE para que os países possam gastar acima do limite permitido. A Comissão estima que, com esse mecanismo, poderia levantar cerca de 650 bilhões de euros (R$ 4 bilhões).
Como parte desse programa, a UE instou os países do bloco a iniciar o processo já no mês de abril.
- Ideia descartada? -
No entanto, a Comissão não recomendou um programa mais amplo de empréstimos conjuntos.
"Por enquanto" a ideia não está na proposta, disse na quarta-feira a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas. "No entanto, essa ideia está completamente descartada? Não acredito", acrescentou.
Essa discussão sobre a urgência de reforçar a capacidade de defesa da Europa reflete claramente uma nova realidade geopolítica e as dúvidas sobre a continuidade da proteção dos Estados Unidos em caso de conflito.
Trump e Putin voltaram a conversar nesta semana para discutir um possível fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, um diálogo do qual, por enquanto, os europeus estão excluídos.
A gravidade e a urgência da situação são tão grandes que a cúpula desta quinta-feira foi a terceira realizada sobre o tema em apenas seis semanas.
A decisão da UE de fornecer armas à Ucrânia para se defender da Rússia rapidamente evidenciou os limites da indústria europeia de defesa, levando o bloco a iniciar um debate sobre a necessidade urgente de mais investimentos.
R.Lee--AT