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Rússia espera 'avanços' em negociações com delegação dos EUA
A Rússia espera "alguns avanços" no conflito com a Ucrânia nas negociações previstas para a próxima segunda-feira na Arábia Saudita com os americanos, disse neste sábado (22) Grigory Karasin, um dos dois negociadores enviados pelo presidente russo, Vladimir Putin.
"Esperamos obter pelo menos alguns avanços", declarou Karasin à rede de televisão pública Zvezda.
O negociador acrescentou que tanto ele quanto seu colega na delegação russa, o assessor do FSB Sergei Beseda, vão ao encontro com atitude "combativa e construtiva".
"Partimos com o ânimo de lutar por uma solução em pelo menos um assunto", acrescentou Karasin, ao informar que viajarão para a Arábia Saudita no domingo e voltarão na terça-feira.
Beseda é um alto funcionário do Serviço Federal de Segurança russo (FSB), mas seu perfil contrasta com a trajetória dos enviados russos nos primeiros diálogos russo-americanos na Arábia Saudita, em meados de fevereiro, quando o chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, muito experiente, liderou a delegação enviada por Moscou.
Durante estes debates na Arábia Saudita, os enviados dos Estados Unidos vão se reunir em separado com representantes ucranianos e russos para tentar chegar a um acordo sobre uma trégua nos ataques contra as infraestruturas energéticas dos dois lados, depois de três anos da ofensiva russa, que deixou dezenas de milhares de mortos.
A Ucrânia, pressionada pelo governo de Donald Trump, assegura que segue "disposta" a um cessar-fogo total, uma opção que Vladimir Putin considera difícil no momento, enquanto as forças ucranianas estiverem em solo russo na região fronteiriça de Kursk.
- 'Pelo menos' uma trégua limitada -
Um funcionário ucraniano que conversou com a AFP sob a condição de anonimato explicou ontem que, após os diálogos de segunda-feira, Kiev espera "pelo menos" um acordo sobre uma trégua parcial com a Rússia que cubra o setor energético, a infraestrutura e o Mar Negro.
Para impulsionar uma trégua ampliada, validada por Volodimir Zelensky sob pressão dos Estados Unidos, Kiev optou por enviar seu ministro da Defesa, Rustem Umerov, segundo este funcionário. Ele ressaltou que a Ucrânia segue "disposta" a um cessar-fogo "geral".
A Rússia, por sua vez, afirma ter chegado a um acordo com os Estados Unidos sobre uma trégua limitada às infraestruturas de energia, bem longe da proposta dos Estados Unidos de alcançar um cessar-fogo total e incondicional de 30 dias.
Entre os temas a serem abordados, os russos vão querer impor as nuances mencionadas pelo presidente Vladimir Putin, preocupado de que a Ucrânia possa utilizar esta trégua para recrutar mais soldados e receber novas armas do Ocidente.
Os ucranianos explicam que estes diálogos na Arábia Saudita deveriam se concentrar nos aspectos "técnicos" de uma cessação temporária parcial dos combates.
Enquanto isso, os europeus seguem marginalizados destas discussões, apesar da vontade demonstrada pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e pelo presidente francês, Emmanuel Macron, de que a voz do Velho Continente seja ouvida.
Está prevista para a quinta-feira uma nova cúpula em Paris com a presença de Zelensky e dos aliados da Ucrânia para reafirmar o apoio aos ucranianos.
- Ataques incessantes -
Paralelamente às intensas discussões diplomáticas, a Rússia segue atacando cidades e povoados da Ucrânia, enquanto o Exército ucraniano tenta atingir o território russo para interromper a logística das forças de Moscou.
Na noite de ontem, um bombardeio russo com drones matou três membros de uma família, entre eles uma menina de 14 anos, na região de Zaporizhzhia, segundo as autoridades locais.
Um fotógrafo da AFP que estava no local do ataque viu as equipes de resgate fazendo buscas nos escombros de um edifício destruído, enquanto no ar a fumaça se misturava à neblina.
Na região de Donetsk, ataques russos deixaram dois mortos e três feridos hoje, segundo o governador regional. Já a Ucrânia atacou a Rússia com drones durante a noite, ferindo seis pessoas, segundo autoridades russas.
W.Nelson--AT